sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Procura-se uma Estrela: Como entramos nesse barco.

Quem conhece as peças e filmes da Processo, ao deparar-se com  a "Estrela" poderia perguntar-se: "mas que diabos isso tem a ver com o trabalho da Processo?"

Pois vos explico. Montamos a peça ainda em 2005, à convite do Ligh - Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade da UFPR, através do convite do Téo Ruiz e depois da professora Graça Bicalho.  O Ligh vem realizando campanhas de cadastramento de Doadores ao longo dos anos, através de unidades móveis em eventos, seminários etc. Mas eles buscavam uma forma diferente de falar com as pessoas sobre a doação de Medula Óssea, de modo a complementar as palestras e distribuição de panfletos que já poderiam acompanhar suas ações de cadastramento.

O Téo é uma daquelas pessoas que fazem você sorrir sem razão. E a Graça é um daqueles seres que fazem a roda do mundo girar, Sejam as rodas reais, do dia-a-dia,  ou as rodas dos moinhos de vento! Afinal, ambas deviam ser encaradas com a mesma seriedade, não é?


Pela primeira vez a Processo encarou o desafio de uma "peça sob encomenda" (ai, que medo!). E ainda parecia ser uma "peça didática". O tema de cara nos tocou , mas como encarar aquele trabalho que, embora não fosse, nos lembrava uma estrutura de teatro-empresa? Claro, não era isso, bastava observar o espírito solidário e o perfil de responsabilidade social do tema. Mas como transformá-lo num trabalho artístico e cativante, como esperava a professora Graça? Como fazer uma peça de teatro-empresa sem fazer uma peça de teatro empresa? Como fazer uma peça didática sem fazer um apeça didática? Como falar de um tema tão sério e pesado de forma leve e cativante? Como juntar experiências cênicas tão difententes num primeiro instante? (o teatro popular do Perré, o palhaço do Rafa, o canto erudito da Caro, o teatro  brechtiano do Esturilho)? Como montar tudo isso com pouquíssimo recursos financeiros e em pouquíssimo tempo de ensaio?  Como juntar nossa típica veia brechtiana a tudo isso? Por que sim? E por que não?  Por que é teatro! Eis nossos desafios.

Não sei. Só sei que a peça, que a gente imaginava apresentar algumas vezes em eventos da UFPR, continua sendo apresentada passados 5 anos da sua estreia no Teatro Paiol. E levamos pra onde for... já rolou em praças, na rua, em seminário de biologia, em igreja, escola... até em Teatro! eheeh. (ainda faltou sexshop, mas nos aguardem...)

E só sei que procuramos responder a essas perguntas no palco e que, no longo desses 5 anos tudo isso virou solidariedade, sorriso e cidadania. E emoção. No cadastramento realizado após as apresentações nos mostra ao longo do tempo que o número de cadastros aumento muito quando a campanha vêm acompanhada da peça. E o espetáculo, que era pra durar umas poucas apresetnações ja está no seu quinta ano de estrada, e agora já contamos com um segundo elenco pra dar conta de toda a agenda da peça.

Esse contato  com elementos de teatro popular é importante pra gente, que no geral busca a pesquisa e experimentação em linguagem contemporânea. Esse encontro entre erudito e popular é muito alimentado pela "Estrela", assim como no documentário Cinematoso. Isso nos ajuda a pensar na arte de amanhã sem perder de vista o cheiro de hoje e sem esquecer de que as pessoas são feitas de carne, osso, alma, neurônios e emoções.

É, parece que o moinho de vento gira! Obrigado Perré, Rafael e Caro pela parceria e cumplicidade em cada batida no tambor e em cada abraço. Obrigado, Téo, pelo convite tão inusitado. Obrigado, Graça, por tanta utopia. (Quem foi que disse que ela acabou?)


bj
esturilho

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