"O mal do artista começa quando ele não ousa mais desagradar o público.”
Enfim, deixo aqui minha breve canção-da-madrugada (com reflexões sobre nosso encontro com a recepção, plateia, audiencia) e com seus quase-versos e des-acordes contrários à arte colocada a serviço da funcionalidade-eficiência-de-mercado - pensamento com o qual tenho que cruzar de vez em sempre (quem mandou viver nesse planeta... e ainda mais abrir uma produtora!). Não, não acho que as essas coisas não podem conviver com a arte. Sim, pra mim a arte deve estar na frente e a eficiência, o mercado e blablablá etc é que deve estar a serviço dela. Por isso, no refrão da minha canção, repetirei a palavra arte quantas vezes forem necessárias para que ela vire um mantra e para fincar o seu lugar onde me proponho a estar, ao som de cada batida no surdo ou de cada mesa que precise ser virada. Caso contrário, não mais ali estarei. Meu surdo não pode ficar mudo. Por isso, repitam comigo... três, dois, um... Arte, arte, aumhhmmm, aumhhhhhhhhhhmmm, arte, arte.
Quem quiser musicar o texto, ou parte dele, divirta-se:
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Declaro para devidos fins que sou artista sim. Artista sem aspas. Pago o preço com muito orgulho e trabalho.
Pago à vista, pago a prazo.
Sem perjúrio, com ou sem juros, não ignoro o público... só não o menosprezo.
Não atendo a sua demanda, provoco o seu desejo... de preferência pelo que ainda nem existe. O entretenimento não como fim, mas como ferramenta, como meio.
Pago à vista, pago a prazo.
Sem perjúrio, com ou sem juros, não ignoro o público... só não o menosprezo.
Não atendo a sua demanda, provoco o seu desejo... de preferência pelo que ainda nem existe. O entretenimento não como fim, mas como ferramenta, como meio.
Não sou animador de festas (nada contra eles, mas temos funções sociais diferentes).
Não recebo recurso público pra isso. A Globo já cumpre essa função muito melhor que eu. Ao artista cabe outra.
Não recebo recurso público pra isso. A Globo já cumpre essa função muito melhor que eu. Ao artista cabe outra.
Ao artista cabe o incabível. Por vezes cabe lavar a roupa suja e sujar a roupa limpa.
Desacentúo o consenso. Desobedeço o acento.
Faço aviãozinho com manual de bom-mocismo-formal feito prá agradar ao público, seja grego ou troiano.
Não sou 0900. Não dou meu cú pra entrar no big brother (quem quiser que dê o seu, só não meta o meu no meio).
Faço aviãozinho com manual de bom-mocismo-formal feito prá agradar ao público, seja grego ou troiano.
Não sou 0900. Não dou meu cú pra entrar no big brother (quem quiser que dê o seu, só não meta o meu no meio).
Não sei bem oq quero, mas sei muito bem oq não quero.
(Refrão: Arte, arte, aumhhmmm, aumhhhhhhhhhhmmm, arte, arte.)
Entre a humanidade e o risco, foda-se a humanidade. (aliás, taí é uma boa forma de uma artista demonstrar sua paixão pelo mundo.)
A questão não é desagradar, mas sim desafiar o público.
Às vezes pra nadar a favor de quem está no barco é preciso remar contra a maré.
A questão não é desagradar, mas sim desafiar o público.
Às vezes pra nadar a favor de quem está no barco é preciso remar contra a maré.
Nada contra, mas meu compromisso é com o História, e não com a pipoca.
plac plac plac.
ResponderExcluir(Marisa)
o artista.
ResponderExcluirclap clap clap ... VIVA A ARTE!
ResponderExcluir"DILEMAS INEVITÁVEIS DO DIA-A-DIA"
Todos nós artistas ou não, entendem perfeitamente suas palavras e se identificam, eu por exemplo, me identifico e MUITO!
Faço do seu "canto" o meu "canto".
Sou produtora cultural e sempre acompanho o blog de voces e esse texto mostra o respeito entre a equipe, o repeito e maturidade em "LAVAR AS ROUPAS LIMPAS" ...
"AH SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCES"...
A Arte só tem vida com a "LIBERDADE DE AÇÃO E PENSAMENTOS"
Arte, arte, aumhhmmm, aumhhhhhhhhhhmmm, arte, arte
PARABÉNS PELO TEXTO
Mostra o respeito entre a equipe, o repeito e maturidade em "SUJAR AS ROUPAS LIMPAS"*
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