(uma crônica para o dia dos pais)
Uma das lembranças mais fortes que tenho da infância é de tomar
sorvete na Praça do Gaúcho com meu Pai. Sabe a Praça do Gaúcho, do lado da pista de skate, ali no Bar do Pudim? Eu costumava pedir de creme. Até que um dia, no alto dos meus 5 pras 6 anos, eu resolvi arriscar um sabor diferente e pedi um de passas ao rum...
...e aquele sorvete me fez bem mal. Até hoje ainda lembro/sinto a tonteira... a ânsia de vômito... o calor e o suar frio ao mesmo tempo. Eu só não me esburrachei ali no chão por que meu pai me ajudou a sentar no cantinho da porta e disse pra eu respirar.
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Parece bobagem, né? Mas a gente vive esquecendo: respirar.
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Depois eu fui melhorando, e ele me perguntou se não queria arriscar outro sabor. E eu achando que ia ficar de castigo por ter desperdiçado um sorvete inteiro.
Foi aí que oficialmente troquei o sorvete de creme pelo de limão, que meu pai tava tomando. E que tomo até hoje. E
desde 6 de janeiro de 2006 é sagrado: pelo menos uma vez por mês eu tomo o nosso sorvete de limão. Sozinho. Lá na Praça do Gaúcho, do lado do cemitério municipal, onde meu pai foi enterrado.
Eu via aquela piazada andando de skate na pista da praça - e todos eram gigantes já que eu era bem pequenininho - e pensava em um dia ser um deles naquela pista. Hoje, o letreiro da sorveteria é o mesmo, os skatistas ficaram pequenos e acabou que eu nunca fui um deles. Ou melhor: fui, do meu jeito. Assim como filho do meu pai eu fui. E sou. Muito. A cada sorvete de limão mais.
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