terça-feira, 28 de setembro de 2010

Canções da Cidade Gelada com sotaque quente!

Uyara Torrente com a Banda mais Bonita da Cidade nessa quarta no Wonka! Vamos?


Um segredo secreto que eu costumo contar pra todo mundo é que como escritor e diretor de teatro e cinema eu sou um ótimo compositor e músico frustrado. Outro segredo é que na verdade só faço peças de teatro pra ter uma desculpa pra fazer os cartazes e a sonoplastia.


Tiago Luz no longa Gol a Gol (Evolução Filmes e Processo Multiartes)
No cinema, fiz algo assim no Gol a Gol, nosso primeiro longa de ficção. O filme traz canções na sua estrutura narrativa.

Um dos maiores prazeres que o filme me proporcionou (além da parceria com o Allon na direção e do filme marcar a entrada da Eugênia Castello na Processo) foi ver minhas canções ganharem vida através do olhar musical do Rodrigo Lemos. Com a retarguada do Ale Rogoski, do Off beat, o Rodrigo transformou os meus rabiscos sonoros em canção, emprestando inclusive sua voz para boa parte delas.
Durante a pré-produção musical, percebemos que uma voz feminina pra algumas das faixas poderia arejar e criar outra dimensão para o corpo do filme. É o que acontece na canção Baú, na voz hiperdimensional da Uyara Torrente.

Nosso filme-musical – que mistura realismo mágico, toques de ficção científica e questões ambientais – tem lançamento previsto pra novembro.

 

Por enquanto, pra aquecer as turbinas, nessa quarta (29 de setembro) teremos uma boa pedida.  É Uyara Torrente com a Banda mais Bonita Cidade no Wonka Bar.

O show Sem Querer Deitei do Teu Lado Mais Frágil traz versões para canções de compositores da cidade gelada. Dentre elas estão: Solitária (Birolli, Leprevost e Rosilho), Aos garotos de Aluguel (Poléxia), O lado Frágil (Paulo de Nadal), Submundo Autofágico (Lívia e os Piá de Prédio), além de Baú, a canção predileta do diretor no filme (ehehe)

Cada vez mais a Uyara está presente em nossas artimanhas. É daquelas figurinhas que vem com uma estrelinha do lado e que dá gosto de se ter no nosso álbum. Além de participar da trilha do Gol a Gol,
Uyara Torrente. solta o corpo e a voz no Wonka nessa quarta
ela  tá no elenco do Circular (nosso longa em parceria com a Grafo Av., que está editando), e estará no elenco do nosso próximo longa,  A Neve não tem gosto de algodão doce.

E na lista do povo que admiramos e que sempre queremos por perto, a banda ainda conta nas guitarras com Rodrigo Lemos (produtor musical do Gol a Gol) e na bateria com Luiz Bourscheidt (criador da sonoplastia da peça Samuel).

Vale conferir. A Banda mais Bonita da Cidade empresta, às canções da cidade gelada, seu sotaque sonoro quente e universal.


Projeto Olha o Canto da Sereia
Show Sem Querer Deitei do Teu Lado Mais Frágil – A Banda Mais Bonita da Cidade
Onde: Wonka Bar (R. Trajano Reis, 326)
Quando:15 de setembro
Abertura da casa: 21h / Início do show: 22h30
Ingressos: R$ 8 (couvert artístico)
Mais informações: (41) 3026-6272
Assista ao vídeo de divulgação do Show



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Elenco-Ninja!

Carolina, Rafael e Perré
Para o desafio de montarmos o "Procura-se uma Estrela", a Caro e eu tivemos a felicidade de convidar o Rafael Barreiros (O Palhaço Alípio) e o Renato Perré.
O Rafael encaixou certinho. Sentimos que era o momento de, pela primeira vez, termos contato com o universo do palhaço. A referência dos Doutores da Alegria nos levou a isso. E também, em nossos tempos de Cefet ainda, tivemos duas histórias em comum com o Rafael, de amigos que enfrentaram a Leucemia. 
O Rafa abraçou a peça de uma foma única. Um dos meus maiores prazeres é até hoje ver seu olho brilhando ao final de cada apresentação.
Renato Perré
Trabalhar e dirigir o Perré (e mais que isso, tê-lo como parceiro) foi a realização de um sonho. Já tinha tido o prazer de atuar e ser dirigido por ele na peça "O Anjo do Bosque." (meu primeiro trabalho teatral profissional). Pra mim é um motivo de orgulho de alguma forma ter contribuído para abrir portas para depois o Rafael e a Caro também trabalharem em espetáculos dele. Seu trabalho de mais de 20 anos frente ao Teatro Filhos da Lua - com o teatro de formas animadas, música ao vivo e teatro popular - sempre foi uma referência declarada para meu trabalho como encenador.
Eliezer, André e Camila
Desse feliz encontro surgiu a peça. Foi no olhar e na energia do Perré, da Caro e do Rafael que encontrei o lugar e espaço para a criação conjunta da peça, a partir de um pré-roteiro que fomos aprimorando e fechando durante um curtíssimo período de ensaios. Curto, mas intenso. Agora, passados 5 anos, montamos um segundo elenco, pra que a peça seguisse sem parar por causa de nossas atribuladas agendas. Agora também contamos com o André Daniel, o Andrew Knoll, a Camila Hubner, o Eliezer Vanderbrook, e o Rosano Mauro Jr., pois a roda não pode mais parar de girar.  O processo de passar nossa criação para novos corpos é um capítulo à parte que começamos a escrever nesse ano. Que venham os próximos capítulos!

bj
esturilho

Procura-se uma Estrela: Como entramos nesse barco.

Quem conhece as peças e filmes da Processo, ao deparar-se com  a "Estrela" poderia perguntar-se: "mas que diabos isso tem a ver com o trabalho da Processo?"

Pois vos explico. Montamos a peça ainda em 2005, à convite do Ligh - Laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade da UFPR, através do convite do Téo Ruiz e depois da professora Graça Bicalho.  O Ligh vem realizando campanhas de cadastramento de Doadores ao longo dos anos, através de unidades móveis em eventos, seminários etc. Mas eles buscavam uma forma diferente de falar com as pessoas sobre a doação de Medula Óssea, de modo a complementar as palestras e distribuição de panfletos que já poderiam acompanhar suas ações de cadastramento.

O Téo é uma daquelas pessoas que fazem você sorrir sem razão. E a Graça é um daqueles seres que fazem a roda do mundo girar, Sejam as rodas reais, do dia-a-dia,  ou as rodas dos moinhos de vento! Afinal, ambas deviam ser encaradas com a mesma seriedade, não é?


Pela primeira vez a Processo encarou o desafio de uma "peça sob encomenda" (ai, que medo!). E ainda parecia ser uma "peça didática". O tema de cara nos tocou , mas como encarar aquele trabalho que, embora não fosse, nos lembrava uma estrutura de teatro-empresa? Claro, não era isso, bastava observar o espírito solidário e o perfil de responsabilidade social do tema. Mas como transformá-lo num trabalho artístico e cativante, como esperava a professora Graça? Como fazer uma peça de teatro-empresa sem fazer uma peça de teatro empresa? Como fazer uma peça didática sem fazer um apeça didática? Como falar de um tema tão sério e pesado de forma leve e cativante? Como juntar experiências cênicas tão difententes num primeiro instante? (o teatro popular do Perré, o palhaço do Rafa, o canto erudito da Caro, o teatro  brechtiano do Esturilho)? Como montar tudo isso com pouquíssimo recursos financeiros e em pouquíssimo tempo de ensaio?  Como juntar nossa típica veia brechtiana a tudo isso? Por que sim? E por que não?  Por que é teatro! Eis nossos desafios.

Não sei. Só sei que a peça, que a gente imaginava apresentar algumas vezes em eventos da UFPR, continua sendo apresentada passados 5 anos da sua estreia no Teatro Paiol. E levamos pra onde for... já rolou em praças, na rua, em seminário de biologia, em igreja, escola... até em Teatro! eheeh. (ainda faltou sexshop, mas nos aguardem...)

E só sei que procuramos responder a essas perguntas no palco e que, no longo desses 5 anos tudo isso virou solidariedade, sorriso e cidadania. E emoção. No cadastramento realizado após as apresentações nos mostra ao longo do tempo que o número de cadastros aumento muito quando a campanha vêm acompanhada da peça. E o espetáculo, que era pra durar umas poucas apresetnações ja está no seu quinta ano de estrada, e agora já contamos com um segundo elenco pra dar conta de toda a agenda da peça.

Esse contato  com elementos de teatro popular é importante pra gente, que no geral busca a pesquisa e experimentação em linguagem contemporânea. Esse encontro entre erudito e popular é muito alimentado pela "Estrela", assim como no documentário Cinematoso. Isso nos ajuda a pensar na arte de amanhã sem perder de vista o cheiro de hoje e sem esquecer de que as pessoas são feitas de carne, osso, alma, neurônios e emoções.

É, parece que o moinho de vento gira! Obrigado Perré, Rafael e Caro pela parceria e cumplicidade em cada batida no tambor e em cada abraço. Obrigado, Téo, pelo convite tão inusitado. Obrigado, Graça, por tanta utopia. (Quem foi que disse que ela acabou?)


bj
esturilho

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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

CAÇADORES DE DOADORES!

Respeitável Público: no próximo sábado apresentamos a peça "Procura-se uma estrela" ou "O Elefante Cabeludo", no teatro HSBC.



A peça trata de um difícil, mas fundamental tema: o cadastramento de doadores de medula óssea.

A doação é uma das últimas alternativas para os tratamento de Leucemia e de outras doenças do sangue. O problema para os pacientes que aguardam por uma transplante é a dificuldade de se encontrar um doador compatível. Quando não encontramos alguém na família, essa chance pode ser apenas de  uma em um milhão. Não é tão simples quanto a doação de sangue, em que se o tipo de sangue bater já rola a doação. No caso da medula óssea, a chamada "tipagem HLA" do paciente e do doador precisam ser compatíveis.
E pra aumentar as chances de se encontrar um doador, o único jeito é aumentarmos o número de doadores cadastrados.  E é sobre isso que falamos na peça. Tentamos quebrar alguns paradigmas e preconceitos sobre o assunto, de modo a mostrar que o problema está mais próximo do nosso cotidiano do que parece (todo mundo conhece algum caso de paciente com leucemia), mas que ele pode ser minimizado com um pouco de solidariedade e de espírito de cidadania. Mas tentamos falar disso de um jeito que não vire tudo uma palestra chata (pelamordedeus!) O tema é sério e pesado, mas através do teatro, da música, do bom-humor e do calor humano buscamos levar essas informações para mais gente e, mais que isso, tocar as pessoas. A arte pode mover moinhos de vento. (elementar, meu caro Watson...)

No Brasil, as pessoas podem fazer seu cadastro como doador através dos hemocentros e campanhas de coleta da Hemepar, Hospital das Clinicas, Hospital Erasto Gaetner etc. Seus dados ficam cadastrados no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). Se algum paciente for compatível com você, daí sim você será convidado a realizar propriamente a doação.

O Paraná é uma referência em transplantes de medula, através do Hospital de Clínicas, e recentemente o procedimento passou a ser realizado também em Londrina. Não há registro de problemas para o doador durante o procedimento de transplante  

A "Estrela" é nosso trabalho mais ligado à responsabilidade social. Embora fuja um pouco da pegada experimental mais tradicional de nossas peças (que paradoxo!), trás o calor humano e o almejado e feliz encontro entre razão e emoção. 

Te esperamos!
bj
esturilho

sábado, 11 de setembro de 2010

Cia dos Palhaços e Orquestra Sinfônica do Paraná!


CONCERTO EM RI MAIOR NO GUAIRÃO - ESPECIAL 5 ANOS
participação mais que especial da Orquestra Sinfônica do Paraná

Tem louco pra tudo nesse mundo (e provavelmente em outros tb).
Um bom exemplo é essa dupla dinâmica: Wilson e Sarrafo.

Os caras comemoram em grande estilo nesse sábado e domingo 5 anos do espetáculo "Concerto em Ri Maior" ... com a participação especial da Orquestra Sinfônica do Paraná! (tão podendo os caras).

Vale a pena conferir mais essa peripécia da Cia dos Palhaços.
Além de admirar e indicar essa galera, temos o prazer de contar com dois membros dessa trupe no elenco  do "Procura-se uma Estrela", nosso espetáculo sobre Doação de Medula Óssea. São eles: Rafael Barreiros e Eliezer Vander Brook.






se beber, não dirigia,
se perder, não ria.


abs
esturilho

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CINEMATOSO estréia ganhando prêmio de melhor longa metragem



O documentário produzido pela Processo MultiArtes, CINEMATOSO, em sua estréia no Festival Cinema na Floresta, conquistou o prêmio de melhor longa metragem. Confira a matéria de Celso Sabadin, publicada no site do Festival e no Planeta Tela:

Festival Cinema na Floresta

Alta Floresta - “Cinematoso”, longa que documenta a vida e a obra de um cineasta amador da cidade de Paranaguá (PR), conquistou o júri da 4ª edição do ‘Festival Cinema na Floresta ’ com seu bom humor e com a declaração de amor que faz ao Cinema.A premiação foi revelada na noite desta terça-feira, dia 7. Dirigido por Bruno de Oliveira, o longa mostra a trajetória de Cyro Matoso, um homem aposentado que desde 1975 faz das tripas coração para jamais deixar de realizar o que mais lhe faz feliz: filmes. Em Super 8 ou VHS, usando arames e papel machê como cenário, barbantes como efeitos especiais e amigos como atores, os filmes de Matoso já são considerados até ‘patrimônio histórico e cultural’ de Paranaguá. Na cidade, todos o conhecem.

Mais do que simplesmente documentar a obra de Matoso, os produtores do filme tiveram uma ótima ideia: produzir um roteiro do cineasta amador, que seria filmado simultaneamente ao documentário. Assim, enquanto Bruno de Oliveira dirigia “Cinematoso”, o próprio Cyro dirigia seu média “O Tesouro Maldito dos Piratas”, o que acabou resultando num atrativo processo de metalinguagem documental.

Mas para quem não está nem aí com metalinguagens, a boa notícia é que “Cinematoso” é terno e hilariante. Totalmente naif, o cineasta amador desenha ele próprio num caderno as cenas que vai filmar. Pinta quadros para vender e financiar seus filmes com o dinheiro arrecadado. Cria cronogramas de filmagens que jamais serão respeitados, e não raramente seus atores o abandonam por cansaço. Já houve casos em que substituiu um ator no meio das filmagens e ficou tudo por isso mesmo: durante o filme, o mesmo personagem foi vivido por dois atores, sem problema nenhum. Puro Buñuel. Tem mais: Cyro se acha parecido com Charles Bronson. E o pior é que ele é mesmo!.

O produtor Adriano Estrurilho, que representou o filme no Festival, informa que o projeto inteiro custou somente 80 mil reais. Só isso por um filme? Na realidade, pelos dois: com os 80 mil, foram produzidos tanto o “Cinematoso” quanto “O Tesouro Maldito dos Piratas”, que no final de todo o processo foi exibido na Cinemateca de Curitiba com honras de pré-estreia. Este é o primeiro Festival que “Cinematoso” participa.

Fonte: Celso Sabadin – Planeta Tela

Veja o Trailer:  Cinematoso

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

NEVERMORE, UM PASSEIO COM ALLAN POE.

por Andrew Knoll



Diário de Bordo.
Piraquara, Centro, Casa da Cultura, 16h30.
Último dia de filmagens do excerto BERENICE, para o projeto NEVERMORE.

Cara, como esta cidade têm luz. Que dias luminosos estão sendo estes.
Sol branco Parece a costa grega.
Muita luz.
Muuuita luz.

Estou lembrando agora que hoje, após o almoço, quando estávamos na
rua conversando, em frente à locação, veio um senhor já nos seus
longos anos, de cabelos e bigode todo brancos, e os cabelos e o
bigodes, e a sua pele tornaram-se ainda mais brancos quando ele saiu
da sombra, me viu e veio ter comigo, sorrindo, e disse, ao passar
pelas minhas costas, dando um tapinha no meu ombro:
"Bigodinho à moda antiga, hein?! Parabéns!"

Bruno e Merry ficaram só rindo. E o Bruno ainda protestou: "Pô! E o meu?" rsrs
 *
E eu que vim conversando sobre AERONÁUTICA com o motorista da Van?
E ele colocou MADONNA pra agradar as meninas na van!
O cara não é demais?
*
Olhando estes morros atrás da casa do Marcinho, penso:
Nossa, a praia ‘stá mesmo logo ali! rsrs
E eu aqui, de traje de época, colete, casaco, verificando se este
relógio de bolso é mesmo de ouro!
*
Ssshhhhh...
Silêncio
Deitado no chão,lendo e re-lendo o conto que estamos filmando, vejo
Maurício Baggio (dir. Fotografia) sendo perfeccionista e
experimentador na montagem de luz, desde o início.

Neste instante, especificamente, montando a luz para a cena em que a
personagem BERENICE é mostrada em pé, dentro de um caixão, após sua
suposta morte. Rafaella Marques me surpreendeu mais uma vez (óbvio)
com a profundidade e o despojamento de sua interpretação. É realmente
impressionante e delicioso vê-la executando com maestria, precisão os
vários estados de BERENICE.
Indo da vivacidade jovial par a doença, seu corpo contorcendo-se
febrilmente, ao mesmo tempo em que se percebia sua total sintonia com
o tempo do take, a respiração coordenada, o comprometimento.

- Sou mesmo o maior “paga-pau” desta menina! A Rafa é a irmã que tá no
coração em definitivo.

A equipe de arte produziu um dos ambientes esteticamente mais bonitos
com que eu já me deparei: simples, um tanto soturno, um tanto
requintado, um tanto sóbrio. Parabéns Fabio Allon (dir. Arte), que
esteve até ás 3 da matina finalizando o GOL A GOL, nosso outro longa,
dormiu muito pouco, e está de corpo e alma dedicado a este trabalho.
Tenho certeza de que os outros excertos a serem filmados ficarão
fantásticos - nos dois sentidos, afinal... é Allan Poe, rsrs

E creio que Marco Nowak está mesmo se deliciando com a sua Canon EOS
7D. Ele fotografa a todo tempo, com precisão, e discrição. Muitas
vezes só ouvia os cliks de sua câmera, e nem mesmo sabia onde ele
estava, em meio ás sombras daquele casarão de sonho, ou de pesadelo,
no caso de NEBERMORE.
Velas, espelhos, brumas que subiam ente à escada que dava para não sei
onde... não tem fim, me parece. Sua subida. Só reparo, daqui onde
estou, na intensa luz banhando seu corrimão, seus degraus, onde, dali
a pouco, Rafaella - BERENICE vai descer, nos dando mais uma vez um
grande show, e vamos todos prender a respiração novamente, tenho
certeza.

 Vejo Helena (Assist. de Câmera) e Nica Braun (continuista) rindo de
modo natural na sua meninice natural, de algo que só elas sabem,
exalando suas perspicácias de raciocínio sempre afiadas. Pode baixar
toda a luz que aqueles olhos não deixam ninguém perdido.

Vejo-as, mais Eugênia (assist. de direção), Bruno de Oliveira (assist.
de direção), por momentos, saindo de suas funções primordiais, e
auxiliando também em questões da equipe de arte, carregando objetos,
até mesmo puxando um ou outro cabo de eletricidade, e me sinto
comovido, ao constatar o espírito de equipe que paira no ar, e que
torna o trabalho ainda mais bonito.
Sei que o orçamento é curto, e não por isto, vejo as pessoas ainda
mais comprometidas com o seu fazer artístico.
E me emociono. Me emociono mesmo.
Simplesmente porque é bonito, porque conheço estas pessoas, porque sei
de sua dedicação, e de sua vontade.

Paulo Biscaia há pouco não estava sentindo-se muito bem, e se abriu,
não guardou para si. Um gesto generoso.
E mesmo assim, não vi sua aura de paixão esvair-se nem um único
instante durante as gravações.
Tenho a impressão, vendo-o agora daqui do canto, com esta lâmina de
luz que quero torcer, de que ele sabe exatamente de antemão como irá
conduzir o trabalho.
*
Após esta cena com a Rafa, será a minha (uma das últimas), em pé, em
frente ao caixão, fitando pela primeira vez BERENICE morta.
Estou a refletir na criação deste PERSONAGEM, E NO MODO DE COMO ELE
AGIRIA NESTA CENA, e chego à seguinte conclusão: Sim, uma lágrima
deverá rolar por BERENICE, ainda que não seja uma lágrima ligada a um
sentimento romântico, mas sim, muito mais relacionada ao fato de que
àquele objeto de desejo de EGEU, configurado naquele momento na figura
de BERENICE, foi-se. Porque foi-se o estado em BERENICE que fazia
tomar a atenção de EGEU. Não, ele não deveria permanecer na sua
imparcialidade altista. Um sinal deveria ser emitido. Uma lágrima
deveria rolar. Mas uma lágrima fria, sem sobressaltos, de um rosto
impassível, sem comprometimento, quase como um estado automático, como
quando KASPER HAUSER sente pela primeira vez o calor da chama da vela
contra sua pele, perpetuado pelo observador atento á sua condição.
Neste momento, o observador seria ele, e ficaria atônito até mesmo com
o fato uma lágrima rolar. A lágrima rola, pelo fato do objeto de
estudo, e da situação não mais o prenderem no estado de PERMANÊNCIA DE
ATENÇÃO.

É isto que pretendo propor no momento da cena.
Se o diretor não gostar, refazemos. É isto.
Minha ligação com o Paulo me permite certas liberdades de
experimentações, e a ele lhe sou grato por isto.

*
Também não deixei de pensar no Dani (o piazão foda!!!), que iria ser o
"titular" de Berenice, e não pôde, por questões de outros
compromissos, e que havia também me indicado, ficando assim, segundo
suas próprias palavras, "com o coração um pouco menos apertado".
Espero honrá-lo com o melhor do meu trabalho.
Obrigado Dani!
“Têm que fazer, têm que fazer!”
Ele bem poderia ter indicado o VIGOR MORTENSEEN, neste trabalho com a
VIGOR MORTIS.
Nada mais justo não???
*
VALEU PRODUÇÃO
VIVI, TESSEROLI
FUI SUPER BEM TRATADO

VALEU MARCE
ANDRÉ, FRAGOSO
ARRASARAM DEMAIS
Acho que fiquei bonito.
Não fiquei? rsrs
*
Para mim, além de ser um prazer, há também a imensa satisfação de
trabalhar com um grupo que, assim como a PROCESSO, está também "no
coração".
Longa vida VIGOR MORTIS
*
LOVE
KNOLL