domingo, 30 de dezembro de 2012

Cuidado com o Papai Noel!

Noite de véspera de natal: em frente ao prédio, espera a tia descer.
No banco do passageiro, um pudim de leite e um frangão assado, escalado para o papel de peru na ceia.

Eis que se aproxima do carro um Papai Noel magrelão, com a arma em punho:

- Desculpaí, parceiro, mas tenho que garantir o feliz natal das crianças. Papai Noel também tem coração... e estômago... 

(tradicional “ho ho ho” natalino)

- Tô sem grana aqui, só no cartão...

(motorista em desdém ao bebum de barba de algodão, que, indignado, deixa o espírito natalino pro carnaval e enfia seu cano janela adentro. O motorista já pensa em Jesus):

- Calma, moço, o senhor não quer… não quer levar um pedaço do frangão?  Sei lá... vamos partilhar a ceia...

(Noel suspreso.  Observa. Cheira. Coça a barba com o 38 e torce o nariz):

- Muito calórica essa tua ceia. Vamos deixar pra próxima. A gente se vê na Páscoa.


#estu


sábado, 22 de dezembro de 2012

#corda









todos os dias quando acorda,
se espreguiça;
leva o pé – às vezes o direito noutras o esquerdo – ao chão;
inspira o ar atrás de força,
pega o violão, abraça e, nua, desencanta.

Em silêncio, toca

sem soar nenhuma corda.


#estu

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

sabão

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um livro de poemas são impressões de estouros de bolinhas de sabão.
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#estu

Limão

(uma crônica para o dia dos pais)


Uma das lembranças mais fortes que tenho da infância é de tomar sorvete na Praça do Gaúcho com meu Pai. Sabe a Praça do Gaúcho, do lado da pista de skate, ali no Bar do Pudim? Eu   costumava pedir de creme.  Até que um dia, no alto dos meus 5 pras 6 anos, eu resolvi arriscar um sabor diferente e pedi um de passas ao rum... 

...e aquele sorvete me fez bem mal. Até hoje ainda lembro/sinto a tonteira... a ânsia de vômito... o calor e o suar frio ao mesmo tempo. Eu só não me esburrachei ali no chão por que  meu pai me ajudou a sentar no cantinho da porta e disse pra eu respirar. 


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Parece bobagem, né? Mas a gente vive esquecendo: respirar.  

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Depois eu fui melhorando, e ele me perguntou se não queria arriscar outro sabor. E eu achando que ia ficar de castigo por ter desperdiçado um sorvete inteiro. 

Foi aí que oficialmente troquei o sorvete de creme pelo de limão, que meu pai tava tomando. E que tomo até hoje. E desde 6 de janeiro de 2006 é sagrado: pelo menos uma vez por mês eu tomo o nosso sorvete de limão. Sozinho. Lá na  Praça do Gaúcho, do lado do cemitério municipal, onde meu pai foi enterrado. 

 Eu via aquela piazada andando de skate na pista da praça - e todos eram gigantes já que eu era bem pequenininho - e pensava em um dia ser um deles naquela pista. Hoje, o letreiro da sorveteria é o mesmo, os skatistas ficaram  pequenos e acabou que eu nunca fui um deles. Ou melhor:  fui, do meu jeito. Assim como filho do meu pai eu fui. E sou. Muito. A cada sorvete de limão mais.

Do dicionário aurélio...


Covinhas: elemento poético-afrodisíaco da anatomia feminina, 

criado por São Dionísio num dia de mega-ultra ins-piração certeira. 
Seja na bochecha ou nas costas 
(naquela voltinha ao final da coluna/início da bunda),
causam dilacerantes efeitos hormono/afetivos em seres hormono/poéticos.



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meio grávido

eu-te-amo-abso-luta-mente-alma-em-paz.
vi teu cheiro gozei por inteiro 

e tô meio grávido de ti.

#estu

domingo, 16 de dezembro de 2012

Pedaço Inteiro

"Amigo, 
ontem vc foi embora
e levou um pedaço de mim."

Esse foi mais um verso de uma canção que não queria escrever
Mas as canções insistem em acontecer
e levam com elas inteiros de mim.
 
  #estu

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

e não é?

Não é por que escrevo sobre amores que necessariamente estou apaixonado. E também não é por que escrevo isso que necessariamente não estou.





#estu

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

#desaforo




Eis que descobri que há mais de 15 anos meu melhor amigo está me traindo com sua própria esposa. E eu fui o último a saber. Não se faz isso com um amigo.





#estu

# post it de vaneio



fazer alguém acreditar no inacreditável… 
                           ... é um dom, ou uma dor?

#estu

jeito

"esse teu jeito de me beijar como se fosse o primeiro e o último beijo me dá a certeza de que não é o primeiro nem o último."

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

poetas



Poetas não precisam estar apaixonados para estarem apaixonados.






#estu

#voo

Largou o betes.
Largou.

Largou  o betes e correu.

Viveu .

Viveu por dentro e por fora
e Agora.



Viveu a aurora,
o dia nascendo
e sendo e sendo,

e ao mesmo tempo
a noite caindo: o pôr-da-lua.


Sentiu o quique da bola, o estalo do taco 
que teve voo e as veias dilatadas
E o pulmão inflado em ar.

E o pulmão inflamdo em Asa.



Rasgou a gravata pra não rasgar a garganta,
abriu mão das amarras,
deu um pé no peso na consciência,
no amor com juros, nota fiscal,  prestação do carro e correção monetária.

Trocou a moral e os bons costumes pelo amor e boa estima.

Dessa vez teve vez.

O pé foi descalço,
largou o betes, correu pro abraço,
pois às vezes perder é ganhar e ganhar é perder.

Se perdeu pra se achar e fez sem pontos em cem estrelas e numa tacada só.



#estu


sábado, 8 de dezembro de 2012

Sobrevivo


"Algumas vezes quebram as minhas pernas,
chutam a minha cara
pisam em meus dedos.
Eu sobrevivo.
Tenho sobrevivido.
 

Sou marcada, sim,
mas faço valer cada uma das minhas cicatrizes."
 

 

 

texto final do filme Nome Próprio (direção de Murilo Salles), que é uma livre adaptação de livros e textos de Clarah Averbuck






almoço em família



vou almoçar

empadão

sem caco de vidro

dessa vez.

 

#esturilho

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Esta vai para quem já tomou seus remédios hoje. Pro bem e pro mal.



"Um coração que está cheio como um aterro

Um emprego que te mata lentamente

Feridas que não vão cicatrizar

Você parece tão cansado e infeliz

Bote abaixo o governo

Eles não, eles não falam por nós

Eu vou levar uma vida tranqüila

Um aperto de mão de monóxido de carbono

Sem alarmes e sem surpresas,

Silencioso silêncio

Este é o meu último ataque, Minha última dor de barriga

Sem alarmes e sem surpresas, por favor

Assim como uma linda casa, assim como um lindo jardim

Sem alarmes e sem surpresas, tire-me daqui, por favor."


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Beckett!

“Em ‘O Inominável’ – terceiro livro da triologia escrita pelo autor irlandês – Beckett nos conta a história de Mahood: um ser sem nome que é puro discurso, uma bolha falante.
Os personagens de Beckett nunca estão seguros de nada e vivem numa perpétua oscilação entre o máximo e o mínimo, num paradoxo perene.”

Quem precisa de Manoel Carlos pra causar identificação quando se tem o Beckett pra ler comendo pipoca?







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Orgulho demais faz mal à saúde e à humanidade. Orgulho de menos também.




#estu